terça-feira, 1 de junho de 2010

Não quero rosas..

    Não quero rosas, desde que haja rosas. Quero-as só quando não as possa haver. Que hei-de fazer das coisas
    Que qualquer mão pode colher? Não quero a noite senão quando a aurora A fez em ouro e azul se diluir. O que a minha alma ignora É isso que quero possuir. Para quê?... Se o soubesse, não faria Versos para dizer que inda o não sei. Tenho a alma pobre e fria... Ah, com que esmola a aquecerei?...
    Fernando Pessoa, 7-1-1935.
     (ilustração criada por Tatiana Paiva/site:poesia)

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